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Como Funciona

O som que ouvimos numa sala é uma combinação entre o som direto e o refletido por meio de superfícies. As reflexões afetam a forma como percebemos o som, sendo o controlo destas imprescindível durante a realização do projeto arquitetónico e de acústica de uma sala. Essas reflexões podem ser controladas por meio da absorção (que visa a atenuação do som), de reflexões especulares (que redirecionam o som) e da difusão (o som é uniformemente disperso). Usualmente, a geometria da sala é utilizada para fornecer padrões preliminares de distribuição do som, enquanto que, para absorção e reflexões especulares ou difusas, são empregues diferentes elementos nas paredes, pavimento e/ou tetos do ambiente.

Durante a elaboração de projetos destinados às performances teatrais, o requisito acústico indispensável é a obtenção de um elevado grau de compreensão oral e uma elevada inteligibilidade da palavra em toda a sala. No caso das salas voltadas para concertos musicais, é importante que o ambiente possua uma vivacidade, uniformidade da distribuição sonora, por isso as reflexões devem ter energia suficiente para o público sentir-se envolvido pelo som. Em salas com multifunções, podendo ser utilizadas tanto para fins teatrais ou concertos musicais, é necessário cumprir requisitos acústicos distintos, em função do tipo de utilização, sendo o recurso a soluções de acústica variável uma opção preferencial. Estas referem-se as soluções que conseguem adaptar-se para gerar mudanças nos comportamentos acústicos nos espaços, por exemplo, através da mudança da exposição das superfícies absorventes ou difusoras, a fim de garantir uma adequada distribuição das reflexões por todos os lugares da sala, mas evitando o aparecimento dos chamados defeitos acústicos, como os ecos, a focalização, os ecos flutuantes e reflexões tardias. 

Com este tipo de filosofia de acústica variável consegue-se:

  • criar novas tipologias de painel acústico, fazendo uso em simultâneo de conceitos de absorção sonora, reflexão e de dispersão sonora;
  • incorporar no interior destes painéis estratégias de absorção sonora otimizadas baseadas em fenómenos de ressonância (interna e na superfície) e na dissipação da energia sonora em meios porosos;
  • conceber superfícies otimizadas que permitam uma dispersão eficaz da energia sonora não absorvida, evitando reflexões especulares;
  • incorporar no interior destes painéis sistemas mecânicos/eletromecânicos que permitam a movimentação de partes internas, de modo a permitir a reconfiguração do painel e o ajuste do seu desempenho;
  • incorporar sistemas de controlo eletrónico que permitam atuar sobre os sistemas mecânicos/eletromecânicos a partir de um sistema central, controlando um ou vários painéis presentes num espaço;

 

Acústica variável

Em determinadas situações é necessário assegurar uma maior flexibilidade de utilização de alguns ambientes, visto que a tendência económica tem recaído sobre a construção de edifícios multiusos. Sendo assim, no caso das salas multiusos, um ponto indispensável para que isso ocorra consiste em assegurar uma maior maleabilidade no desempenho acústico do ambiente, uma vez que, para cada tipo de utilização, seja ela música ou oratória, existe uma exigência específica em relação à performance acústica. Nestas circunstâncias, poderá ser útil aplicar o conceito de acústica variável. Soluções que são baseadas neste conceito conseguem oferecer uma maior abrangência no comportamento acústico dos ambientes.

Uma forma efetiva para averiguar se a solução consegue proporcionar diversas opções de ambiente acústico consiste em avaliar o tempo de reverberação. Analisando a fórmula de Sabine (ver expressão (2.1)), verifica-se que estratégias como a variação do volume da sala, a utilização de cadeiras móveis e a adoção de sistemas construtivos de revestimento dos paramentos que fornecem uma absorção sonora que pode ser alterada, permitem variar o tempo de reverberação, Tr. Para se conseguir uma alteração no tempo de reverberação que seja percecionada é necessário que ocorra uma modificação no valor de, pelo menos, 10% a 20%, sendo este do volume da sala, da absorção sonora adicional ou da absorção sonora das cadeiras (Maekawa et al., 2011 e Isbert, 1998).                      

Onde:

V= volume da sala, em m3;

As= absorção sonora das cadeiras/mobiliário, em m2;

Si= área do material i;

αi= coeficiente de absorção do material i.

Sistemas que fornecem acústica variável são usualmente utilizados em espaços como teatros, devido ao facto destes locais serem frequentemente palco também para concertos de música sinfónica.

Fundamentalmente existem três formas de se alcançar uma variação no comportamento acústico do recinto. Uma alternativa seria através da alteração do volume do espaço que é influenciado pela geometria ou arquitetura da sala. A segunda forma consiste na utilização de soluções de revestimentos de absorção sonora, cujo desempenho acústico e percentagem de aplicação, condicionam a área de absorção equivalente das superfícies envolventes do espaço e a terceira foram a utilização de electroacústica.